Segundo livro do autor inglês Will Self e seu primeiro romance,
mostra a vida de uma jovem portador de eidese e tutelado por um mentor que ao
longo de sua adolescência se incumbe da tarefa de aperfeiçoar as habilidades
eidéticas do jovem Ian, que nada mais são do que imagens projetadas em seu
campo de visão, como se conseguisse reproduzir uma alucinação diante dos
próprios olhos.
Ian com sua insegurança sexual desenvolvce uma capacidade incrível
de reproduzir essas imagens, ao ponto de não precisar sentir vontade de transar
ou experimentar algo novo, por justamente conseguir reproduzir tudo como se
fosse realidade, mesmo sabendo que não é. Sua imaginação vai do campo do sexo e
chega aos limites do gore e do sanguinolento. Pois suas eideses sexuais já não o
satisfaziam mais.
Seu mentor desaparece no período de sua juventude e só quando
adulto tem seu retorno e explicação para todas as vivências de Ian. Neste
período que o mentor se encontra ausente, a história está intrinsicamente
ligada a sua cura por um psicólogo, que conhecendo as habilidades de Ian, chega
a colocá-lo no país das anedotas infantis, para que possa encontrar as
respostas para sua adolescência turbulenta repleta de imagens sexuais e
mórbidas.
O livro não é fluxo, muitas partes pode parecer entediante, no
entanto, possui um ótimo final, que faz ver que a história que até então
parecia pouco desenvolvida, de fato é muito bem construída, então vale a pena
um esforço para sair do meio do livro e seguir em diante.
Apesar do livro fazer grande alarde ao título e obra, com
comentários do tipo “demoníaco e chocante”, para aqueles que já banalizaram o
universo mórbido humano, Will Self é apenas um bom autor com uma pitada de
gore, devo dizer, mais gore do que sanguinolento, o autor trabalha durante o
livro com mortes, torturas de animais e humanos, sangue, escatologia, e foi meu
primeiro contato com um autor que propunha algo beirando ao gore, mesmo que não
fosse essa sua intenção, Will Self foi revelador no que eu conhecia até então,
ainda que já tivesse lido Cock and Bull (1992).
Para aqueles que não se satisfazem com histórias de terror, Will
Self é uma ótima pedida, mesmo que sua estética não seja gore, estava muito acima
neste contexto do que qualquer outro autor que pude conhecer. Um livro para os
amantes mórbidos, que procuram algo além de monstros e fantasmas, a essência
maligna do ser humano.
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