segunda-feira, 16 de março de 2015

Will self – Minha ideia de diversão, 1993

Segundo livro do autor inglês Will Self e seu primeiro romance, mostra a vida de uma jovem portador de eidese e tutelado por um mentor que ao longo de sua adolescência se incumbe da tarefa de aperfeiçoar as habilidades eidéticas do jovem Ian, que nada mais são do que imagens projetadas em seu campo de visão, como se conseguisse reproduzir uma alucinação diante dos próprios olhos.

Ian com sua insegurança sexual desenvolvce uma capacidade incrível de reproduzir essas imagens, ao ponto de não precisar sentir vontade de transar ou experimentar algo novo, por justamente conseguir reproduzir tudo como se fosse realidade, mesmo sabendo que não é. Sua imaginação vai do campo do sexo e chega aos limites do gore e do sanguinolento. Pois suas eideses sexuais já não o satisfaziam mais.

Seu mentor desaparece no período de sua juventude e só quando adulto tem seu retorno e explicação para todas as vivências de Ian. Neste período que o mentor se encontra ausente, a história está intrinsicamente ligada a sua cura por um psicólogo, que conhecendo as habilidades de Ian, chega a colocá-lo no país das anedotas infantis, para que possa encontrar as respostas para sua adolescência turbulenta repleta de imagens sexuais e mórbidas.

Também é neste momento de reabilitação que Will Self nos mostra como o uso de heroína influenciou sua vida artística, pois o psicólogo de Ian também cuida de pacientes viciados nesta droga, o autor não esconde nem um pouco as peculiaridades daqueles que só mesmo experimentaram tal sensação ou ao menos visualizaram podem descrevem.

O livro não é fluxo, muitas partes pode parecer entediante, no entanto, possui um ótimo final, que faz ver que a história que até então parecia pouco desenvolvida, de fato é muito bem construída, então vale a pena um esforço para sair do meio do livro e seguir em diante.

Apesar do livro fazer grande alarde ao título e obra, com comentários do tipo “demoníaco e chocante”, para aqueles que já banalizaram o universo mórbido humano, Will Self é apenas um bom autor com uma pitada de gore, devo dizer, mais gore do que sanguinolento, o autor trabalha durante o livro com mortes, torturas de animais e humanos, sangue, escatologia, e foi meu primeiro contato com um autor que propunha algo beirando ao gore, mesmo que não fosse essa sua intenção, Will Self foi revelador no que eu conhecia até então, ainda que já tivesse lido Cock and Bull (1992).


Para aqueles que não se satisfazem com histórias de terror, Will Self é uma ótima pedida, mesmo que sua estética não seja gore, estava muito acima neste contexto do que qualquer outro autor que pude conhecer. Um livro para os amantes mórbidos, que procuram algo além de monstros e fantasmas, a essência maligna do ser humano.

               

Nenhum comentário:

Postar um comentário