O calçadão é vazio, o tempo é negro numa noite
gélida onde os ventos fustigam seu rosto com borrifos de uma chuva serena que
logo voltará a ser uma grande tempestade. Ao soar de trovões e fortes
relâmpagos se vê dentro de uma cabine telefônica vermelha a moda de Londres. A
mancha negra de um metro e cinquenta exalava perfume, parecia aguardar sua
presença, lá estava ela pronta para mais uma desventura cheia de adrenalina. O
empreendimento é ousado, mas não desprovido de cuidados, ele aceitara a loucura
com uma boa dose de precaução, visto sua insegurança diante de um sexo
“público”.
Sob a noite e chuva que se adensava e os vidros
foscos do ar quente se condensando nas janelinhas quadradas, camuflaria bem sua
transa destemida. Aquela moça em corpo de menina tinha ímpeto vorazes, ele era
mais taciturno, teve que controlar todo aquele desejo dela, uma sede pelo
perigo que a excitava.
Com poucos beijos fora de conexão e mal
beijados com lábios repletos de baba, suas mãos já investigavam a genitália de
cada um à procura do momento propício para penetração, o mais rápido que viesse
seria melhor, a ansiedade dela parecia saltar dos olhos, queria o quanto antes
sua vagina preenchida por seu pau ereto.
– Você é bem louca, sabia?
– Você não faz ideia, querido...
Estava tentando escalar os um metro e oitenta
dele, trepar agarrada aos seus ombros. Deu o melhor de si, fazer ele gozar,
sentir a diversão de estar metendo com olhares estranhos avaliando seu
desenvolvimento, era isso que ela queria, alguém tão louco quanto ela...
Sua escalada foi infrutífera e de pouca
distração, ele teve que sentar ao chão, para ela cavalgar em cima de si
completamente alucinada parecendo receber uma pomba gira! Ela gemia e gritava
alucinada, grudou em sua garganta como uma mulher dominadora, arranhou o peito
dele deixando tiras de sangue e sentou naquela pica como se sua vida dependesse
disso. Uivou e gemeu querendo castigá-lo, querendo que aquele pinto passasse
por suas vísceras e tocasse seu cérebro, pois era de lá que vinha seu tesão.
E prazer era tudo o que queria extrair dele,
seu corpo esguio dançou em cima daquele falo como uma deusa de opala, olhos
vítreos e uma boca retorcida de agonia querendo explodir de dentro para fora,
seu belo rosto era uma máscara diabólica de insanidade e de suas mãos refletiu
o brilho de uma lâmina vindo de um forte relâmpago. Foi cravado no peito dele
com força, num impacto surdo, ele perdeu o ar ofegante e seu corpo petrificou.
Fez força para com as duas mãos tirar a lâmina
que saiu num salto de uma só vez fazendo seu corpo ser lavado por um jato de
sangue. Sorriu finalmente sentindo orgasmos, rebolando ainda no órgão ereto e
esfregando o sangue por seu corpo nu! Que deleite a viscosidade do sangue em
sua pele, seus olhos voltados para trás em ganidos e gemidos de uma vagina que
parecia soltar chispas galvanizadas, queria morrer naquele instante tremendo,
estava se sentindo como numa cadeira elétrica! Melhor que isso, melhor que
morrer era ter a morte dele em seu corpo.
Sua boca caiu na fissura daquele peito e solveu
do sangue como uma vampira, ainda se revirando sobre o pênis dele parecendo que
seu orgasmo não teria fim.
O sangue ainda saía em profusão, depois de se
empapuçar dele, pintou o corpo inteiro em escarlate dentro daquela cabine em
meio a chuva e trovoadas que vinham de fora, se sentiu uma londrina no século
XX, maníaca após uma crise depressiva de tempos de inverno.
Deixou o cadáver ali dentro e saiu para sentir
o vento forte e borrifos de chuva lavando seu corpo ensanguentado enquanto ela
ria exausta quase sem conseguir ficar de pé, suas coxas estavam mole, se
paralisou vendo o sangue do seu corpo indo embora.
Seria uma bela fantasia não fosse seu corpo
mesmo quem fora assassinado. Suas desventuras finalmente a colocaram diante de
um maníaco de fato, a verdade é que aqueles que pensam ser loucos não sabem do
eu se trata a loucura, vesti minhas roupas e sorri para o corpo desfalecido
dela, olhos vítreos, me perguntei se sentiu tesão ao morrer e falei:
– Duvido que fará algo mais louco que isso,
menina.
30/07/2016
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